EXCLUSIVO: Como será a nova Rua Rainha Ginga

Ganha nova vida aquela que é uma das principais ruas da capital e cuja degradação incentivou a sua revitalização que se tornará num exemplo de sustentabilidade. Com a assinatura do atelier Do Lado B.

E se pudéssemos escolher apenas um lugar para reactivar a baixa de Luanda, qual seria? Pela sua história, pela sua representatividade, mas sobretudo pelo potencial e impacto nas suas gentes, a escolha recaiu sobre a Rua Rainha Ginga, outrora conhecida como Rua Salvador Correia e Rua dos Restauradores. O kick off foi dado pela empresa Do Lado B, em parceria com a Noance Studio, que revela agora o projecto de regeneração, intervenção e ativação social e urbana de uma das principais artérias da capital angolana, já apelidado de ‘Nossa Ginga’. Uma intervenção que incide, confidencia-nos os mentores Graciela Mendonça e Júlio Rafael,  em sete pontos estratégicos:

Mobilidade: Através da pavimentação, arborização, ordenamento urbano e melhor iluminação

História: Recuperação histórica do sítio com o objectivo de informar, educar e recuperar o legado local

Inovação: social, cultural e económica através do estudo da comunidade local

Inclusão: valorização de todos os seus integrantes e desenvolvimento do sentimento de pertença para com o lugar

Economia: novos modelos comerciais e sustentáveis como quiosques, postos de venda e bancadas para trabalhadores ambulantes

Identidade: espaços activos, atividades comerciais e a memória comum.

Sustentabilidade: soluções que ajudem a comunidade a desenvolver metodologias e estilos de vida sustentáveis             para todos.

No fundo toda a estratégia está apoiada no conceito de ‘Placemaking, ou seja na melhoria da qualidade de vida das comunidades através da arquitectura, do urbanismo, consciência ambiental, convívio e bem-estar da população local. As obras já se iniciaram, a partir da denominada ‘Praça da Samakaka’, zona de maior fluxo de atividade social em toda a rua, reunindo kitandeiras, comerciantes, empregados, empresários, estudantes, moradores e servidores públicos. Uma riqueza social que a Do Labo B anuncia como a grande motivação deste mega projecto numa entrevista exclusiva para a Forbes:

Júlio Rafael e Graciela Mendonça, os mentores do ‘Nossa Ginga’

Como nasceu o Projecto Rainha Ginga das vossas mãos?

A nossa ginga nasceu quando partilhamos as nossas experiências como utilizadores da rua, e pelo sentimento mútuo de desconforto gerado ao passar tempo nela.

O caos, a circulação automóvel invasiva, a falta de conforto como peão, a falta de respeito com a identidade, história e cultura da principal artéria de circulação do centro da cidade de Luanda.

Detetamos grande potencial para uma revitalização urbana, de impacto, com o propósito de incluir e expandir-se para outras zonas da cidade.

Que impacto real vai trazer à sociedade?

Impacto económico e social, com foco nas questões ambientais, fomenta o turismo e deixa marcado a continuidade do glorioso percurso histórico da rua.

Trazer maior benefício para os utilizadores da rua, em todos os escalões.

Qual o timing de todo o projecto, quando estará finalizado?

Para implementação do projecto, dividimos a rua em 7 troços, com intervenções similares, mas de caracter distinto/individual. A implementação decorrerá em 5 anos.

O que significa este projeto para o Do lado B?

Para a Do Lado B significa muito mais do que deixar a nossa marca e contributo como agentes transformadores da cidade, representa trilhar um novo caminho, abrir espaço para movimentos, iniciativas de empreendedores locais, para dar vida e personalidade á metrópole que é Luanda.

Vocês têm sido pioneiros em muitas iniciativas Pretendem internacionalizar as vossas ideias ou focar-se em Angola?

Sim, em Angola já realizamos 3 projectos de revitalização urbana com activações.

O mercado Axi Luanda, um evento de 4 dias que acontece em zonas emblemáticas da ilha de Luanda, até então abandonadas.

O Naxixi Street, que foi a revitalização do túnel do Kinaxixi, promovendo a mobilidade, tornando o lugar mais seguro e um ponto de referência para trabalhos artísticos (filmagens, sessões fotográficas, etc).

O Mercado dos Mercadores, um mercado Pop Up, que teve lugar numa rua histórica da cidade, chamando á atenção para o caracter da mesma.

Sobre a nossa internacionalização acreditamos que, por ora, há muito por fazer no nosso país. Um passo de cada vez.

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